quinta-feira, 25 de junho de 2009

O aparecimento de Fosforus

Aproximo-me devagar, pé ante pé, sem querer assustá-la. A criatura olha em redor de olhos rasgados mas não se apercebe que já estou próxima. Tão próxima que a poderia agarrar. Alheada, matuta no querer ficar ou partir mas não se atreve a decidir. Prefere antes cantar alegremente.
Fico queda e observo. Mais alguém se aproxima... é o Fosforus! Quero expulsá-lo daqui, mandá-lo embora, mesmo que depois não volte. Sai! Afasta-te! Sinto o calor do terraço a subir-me até ao rosto...
O vento sopra com mais força e os músculos contraem-se. Por entre as folhas que me servem de máscara vejo que a criatura agora está pronta a partir. Basta um movimento minímo e eu sei que ela não aguardará mais um segundo. Inevitavelmente irá acontecer.
Respiro fundo muito devagar como que a cravar esta ideia na mente. Hoje não, ainda não. Talvez noutra altura sem ninguém por perto.
Então, não querendo adiar mais o momento, estalo os dedos e as imagens desdobram-se quase sem eu dar conta. Há uma bater de asas que denúncia o medo e a fuga.
O Fosforus ainda está imóvel... anda, vamos embora. Já não há mais nada a fazer aqui.

Sem comentários: